A área cercada corresponde ao cemitério de pretos novos dos franciscanos, anterior ao de Santa Rita.
Quando se aborda o tema do enterro dos escravos no Brasil, convém evitar uma ideia imprecisa: a de que os homens de cor eram enterrados em valas comuns.
A bem da verdade, conforme o direito, todos os católicos (de qualquer cor) eram enterrados nas suas paróquias, ou nas igrejas das irmandades de que eventualmente fizessem parte, quer na nave (ad sanctos), quer no adro (apud ecclesiam), dependendo de quanto podiam pagar. No caso dos não católicos, eles podiam ser sepultados em campos santos meramente bentos.
A ideia da vala comum provém de uma confusão entre o enterro de africanos ladinizados (e seus descendentes) e o enterro de pretos novos, isto é, dos recém-chegados de África. Os pretos novos costumavam receber o mesmo tratamento que os indigentes.
Por outro lado, é frequente na historiografia brasileira acusar os senhores que enterravam seus escravos “em qualquer lugar” a fim de economizar o dinheiro dos estipêndios, delito que era punido pela lei. Mas isso não quer dizer necessariamente que todos os escravos fossem enterrados “em qualquer lugar” ou que todos os senhores fossem impiedosos.
OpenEdition sugere que esta publicação seja citada da seguinte forma:
João Carlos Nara Jr. (9 de Julho de 2022). Onde os escravos eram enterrados. FREGUESIA DE SANTA RITA DO RIO DE JANEIRO. Recuperado em 4 de Outubro de 2024 de https://doi.org/10.58079/tvo0
